domingo, 16 de setembro de 2012

Supervisão Institucional (texto apresentado no Colóquio da EFP, realizado em agosto de 2012)

­Supervisão/Controle

Por Cláudio Arnoldi Carvalho

Antes de dar início à apresentação, gostaria de agradecer a oportunidade de participar deste colóquio junto aos colegas da Escola Freudiana de Psicanálise do Rio de Janeiro.

O texto que segue aborda o tema da supervisão nas instituições. Ao longo do mesmo procurou-se usar como referencial o que Freud e Lacan disseram acerca deste tema, bem como a experiência vivenciada pelo autor nos Centros de Atenção Psicossocial da cidade do Rio de Janeiro.

Uma primeira menção da expressão “Kontrolle” é encontrada no texto de Freud (1919/1976) sobre o ensino da psicanálise nas universidades. Encontramos nesse texto a formulação do consagrado tripé da formação analítica.

Esse tripé serve de base para que o analista, segundo Lacan, se autorize por si mesmo, e tal passo não prescinde desta base. A escola pode, por sua própria iniciativa, garantir que o analista dependa de sua formação e este pode querer essa garantia, que o faz tornar-se responsável pelo progresso da Escola e psicanalista da própria experiência.

A palavra supervisão nos remete a uma visão ampliada, sob a qual Lacan contrapõe o conceito de super-audição, onde se destaca a dimensão da palavra (escutar/dizer),em detrimento ao ver. Trata-se portanto do espaço onde um analista leva a outro com gradus mais elevado impasses advindos de sua prática clínica.

Ao longo do meu percurso pelos CAPS, tive a oportunidade de tomar parte em diversas supervisões clínico-institucionais, realizadas em sua grande maioria por psicanalistas de formação lacaniana. Esses profissionais não fazem parte da equipe técnica, uma vez que é necessário ouvirem os impasses da clínica de outro lugar que não da prática cotidiana

Outra de suas funções consiste em identificar o que pode ser elaborado mediante supervisão e o que remete à análise pessoal do supervisionado e deve ser trabalhado em outro cenário. Esta talvez seja a tarefa mais árdua do supervisor, posto que os impasses da clínica quase sempre esbarram em questões pessoais e ambos mostram-se por vezes indissociáveis.

Nesse contexto, Kessler alerta que o papel do controlador/supervisor seria o do narrador, aquele que não está na cena, mas que coloca as questões que sejam pertinentes. Entende-se daí que a supervisão pressupõe uma alteridade, uma dentro-fora, de modo a presentificar a falta enquanto causa de desejo do analista.

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